Num discurso na sessão de abertura da Universidade de Verão do PS, em Évora, Edite Estrela afirmou que "o primeiro-ministro procura bodes expiatórios para imolar perante a opinião pública" o TC, tendo recordado o discurso de Pedro Passos Coelho na Festa do Pontal, no Algarve..O "ataque ao TC", realçou a eurodeputada do PS, visa "condicionar a decisão dos juízes sobre as candidaturas autárquicas e, sobretudo, sobre os despedimentos e o aumento dos horários na Função Pública e sobre a convergência do regime de pensões entre o público e o privado"..Nesse sentido, considerou que, "em vez deste confronto verbal", Pedro Passos Coelho "devia ter tido a coragem, há muito, de acabar com os privilégios injustificados que subsistem na sociedade, designadamente, com a singularidade de os juízes do palácio Ratton se poderem reformar com apenas dez anos de serviço"..Edite Estrela acusou o Governo de ser "forte com os pobres e fraco com os poderosos", alegando que o executivo PSD/CDS-PP "mantém estes privilégios e corta nas baixas pensões dos que já não recebem o suficiente para comer e para os remédios"..Na festa do Pontal, a 16 de agosto, Pedro Passos Coelho reconheceu a existência do risco do chumbo de algumas medidas pelo TC e considerou que, a acontecer, tal poderá pôr em causa alguns resultados e fazer "andar para trás"..O ditado popular "só se lembra de Santa Bárbara quando trovoa" foi utilizado pela eurodeputada para acusar o primeiro-ministro e o Governo PSD/CDS-PP de só se lembrarem de dialogar com o PS "quando estão aflitos".."A relação do Governo, mais precisamente do primeiro-ministro, com o maior partido da oposição é, no mínimo, estranha. Faz lembrar o aforismo popular 'só se lembra de Santa Bárbara quando trovoa'", afirmou..Edite Estrela criticou o primeiro-ministro e o Governo por entender que "só se lembram do PS quando estão aflitos, seja por pressão externa, seja porque precisam de um apoio alargado para as decisões difíceis".."De resto, ignoram olímpica e arrogantemente as propostas do PS. Primeiro, fazem os disparates e só depois, em desespero, procuram envolver o PS para salvarem a face. E chegam ao desplante de culpar o PS pela falta de diálogo e de consensos", referiu Edite Estrela..Frisando que só se lembram dos socialistas quando "oportunistamente querem arranjar corresponsáveis para as medidas impopulares", a eurodeputada assinalou que "o PS responde pelo que fez e pelo que propõe, mas não permite ser associado à governação desastrosa da coligação PSD/CDS-PP".."E convém recordar que este Governo se mantém em funções por obra e graça das decisões irrevogáveis do Dr. Paulo Portas", disse, considerando que [o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, atual vice-primeiro-ministro e líder do CDS-PP] "Paulo Portas é o político mais poderoso do país", porque "só ele, e mais ninguém, pode derrubar o Governo".."Nem o Presidente da República, nem a Assembleia da República, nem os partidos da oposição têm esse poder. Agora, confortavelmente sentado no cadeirão de vice-primeiro-ministro, Paulo Portas não tem a menor vontade de largar o poder", acrescentou.